Luanda - Não conhecia a constituição de Moçambique, mas com estas eleições fiquei a saber que ela é muito melhor do que a de Angola. De longe.
É quase a diferença que separa o dia da noite. Com esta confusão toda, sempre fiquei a saber de uma coisa que me confortou bastante por ser fundamental, por condicionar a vida de todos nós de igual modo, mas com consequências diferentes.

Fonte: Club-k.net

Na verdade o que temos em Angola não é bem uma Constituição, sendo mais uma estratégia de eternização do poder. Quando se diz que a "nossa" Constituição é atípica faz todo o sentido por várias razões, sendo a mais forte para mim aquela que aponta para o objectivo atrás referido e que tem a ver com o espirito do legislador.

Definitivamente o "nosso" legislador não estava de boa-fé quando montou a arquitectura da CRA-2010.

Em Moçambique no mesmo dia os eleitores têm à sua disposição três boletins de voto.


Um para escolherem o Presidente da República. Outro para definirem como será composto o Parlamento de onde sairá o Governo. E um terceiro para escolherem os Governadores de Província. Para alem disso os moçambicanos ainda têm depois as eleições municipais/autárquicas.


Isto quer dizer que como eleitores, os angolanos, se tivessem um sistema político idêntico, poderiam votar no mesmo dia em três candidatos/partidos de sensibilidades políticas diferentes.

Cada um de nós que imagine agora os resultados da sua escolha fazendo um exercício virtual.

Em Angola a realidade constitucional que nos foi "vendida" optou por um minimalismo elevado ao extremo da própria estratégia de eternização do poder.

Com um só boletim e com uma só cruz somos OBRIGADOS a escolher tudo para os próximos 5 anos sem qualquer hipótese de uma segunda volta, porque a eleição é feita por maioria simples, seja ela qual for.