Luanda - Em uma entrevista exclusiva à CNN, o candidato presidencial moçambicano, actualmente fora do país, anunciou o início da “fase mais dolorosa” dos protestos que, segundo ele, terão um impacto significativo na economia nacional. O líder afirmou que a situação no país está a chegar a um ponto crítico e que as manifestações, que já se arrastam há várias décadas, estão prestes a atingir um novo nível de intensidade.

Fonte: CNN/HoldOnAngola

Questionado sobre a sua segurança pessoal, o candidato revelou estar ciente dos riscos, mas afirmou não temer pela sua vida. “Sim, sinto que estou em risco, mas não estou tremido por isso“, disse, destacando que sabe que o Serviço de Inteligência e Segurança de Moçambique (SINSE) e o Serviço de Inteligência e Segurança de Angola (SINSE) estão a colaborar no rastreamento das suas comunicações. “Sei que estão a procurar cooperação internacional para me localizarem, mas o que realmente me preocupa é a situação caótica e a miséria que o povo moçambicano sofre há 50 anos“, afirmou.


O candidato sublinhou que, apesar de estar exposto à repressão, não se considera uma pessoa especial, mas sim um “altifalante” para a voz do povo. “Sou uma espécie de vaso usado para liderar um clamor que está cravado na garganta das pessoas há 50 anos“, disse, realçando que a sua luta é por um Moçambique melhor para todos.


Quanto à possibilidade de um encontro com o seu principal adversário político, Daniel Chapo, o candidato mostrou-se aberto. “Em todas as minhas intervenções ao vivo, deixei claro que estou disposto ao diálogo. Inclusive, já apresentei cadernos de encargos com pontos que podemos discutir na mesa das negociações“, afirmou. Contudo, lamentou a falta de resposta por parte do partido de Frei Lo e do próprio Chapo. “Até ao momento, nem o partido nem o candidato reagiram a essas manifestações de abertura para o diálogo”, concluiu.


O clima de tensão em Moçambique, aliado à crescente insatisfação popular e à repressão política, coloca o país num momento decisivo, com possíveis repercussões para a sua estabilidade política e económica