Lisboa - Em meios competentes é, geralmente identificado como a figura que introduziu a pratica do “capitalismo selvagem” no regime do MPLA. Desde os meados dos anos 80, trabalhou em estreita colaboração com o Presidente José Eduardo dos Santos. Desenvolveu o faro para negócios numa altura em que os seus colegas estavam “adormecidos”. Na ex-companhia petrolífera francesa Elf, José Leitão da Costa e Silva tinha a alcunha de o "Sr. 30 por cento".
Fonte: Club-k.net
O mentor do capitalismo no regime do MPLA
“Zé” Leitão como é tratado nasceu em Janeiro de 1955, no Golungo-Alto e é originário de uma família cujo o pai primava pela sua educação. Foi enviado para Luanda, onde ingressou no então Liceu Salvador Correia. 10 anos depois partiu para Portugal onde se formou em direito pela Universidade de Lisboa.
Em Portugal passou a freqüentar a "Casa de Angola", onde aderiu ao MPLA contrariando as recomendações do seu pai que o queria distante da política. Os seus principais amigos que com ele militavam, eram Elisiario dos Passos Vieira Lopes, José Carlos de Carvalho, João Lourenço Landoite, Zuzarte Mendonça “Tilú” e Cavaleiro. O seu grupo teria se recusado a ir na conferencia inter-regional do MPLA de Setembro de 1974. Entendiam que o evento deveria ser para os que mais se tinham esforçado no combate no interior do país. Apesar de terem estado na luta clandestina, o seu grupo valorizava os que se tinha esforçado no combate armado. Antes de regressar ao país, José Leitão e os seus amigos fizeram juramento de que usariam as suas profissões para servir o povo, a partir, nas províncias, onde previam basear-se, em detrimento das “ambições políticas”.
A decisão dos mesmos, calha numa altura em que Lucio Lara precisava de quadros. Lara viu nos seis jovens a “componente de humildade” e convenceu a todos que ficassem em Luanda. Em círculos conhecedores, do assunto, José Leitão teria sido identificado como o primeiro do grupo, a quebrar o juramento de servir o povo no interior. Aderiu as estruturas do governo como director do gabinete do então Ministro da Informação. Não tardou muito, passou a fazer parte dos quadros da EPTEL (Empresa Pública de Telecomunicações do Estado) como director adjunto até ter saído em 1981.
Dos seus amigos da “Casa de Angola”, “Zé” Leitão é presentemente o único sobrevivente. Elisiario dos Passos Vieira Lopes, formou-se em medicina, cumpriu a promessa e morreu no Moxico onde foi trabalhar; Cavaleiro faleceu no “27 de Maio” e esteve também na primeira região militar, cumprindo com o prometido; Zuzarte Mendonça “Tilú” faleceu também no “27 de Maio”; José Carlos de Carvalho foi mais tarde convidado para ser Governador do BNA, depois responsável da Sonangol, faleceu de cancro em Londres; João Lourenço Landoite, tornou-se no quarto Ministro dos petróleos após a independência nacional, morreu a uns anos atrás.
“Zé” Leitão, tinha na altura, o atributo de ser um quadro habilitado e com a valencia de ter uma formação superior. A sua aproximação ao poder ascendeu-se até ter ido chegar ao circulo presidencial. José Eduardo dos Santos teria se simpatizado com o mesmo e em Abril de 1983 nomeou-lhe em comissão de serviço, para exercer o cargo de Secretário do Presidente para os Assuntos Jurídicos. Em finais do ano a seguir, fez-lhe seu director adjunto de Gabinete, função que exerceu num período de quatro anos. Em Dezembro de 1988, um dia antes do natal, o PR nomeou-lhe para o cargo de Secretário do Conselho de Ministros, com a categoria de Ministro. Foi nesta posição que se verificou o seu poder de influencia passando a controlar a agenda de aprovação de investimentos do executivo. Notabilizou-se, igualmente, no clero em Angola, por ter sido, enquanto Secretario do Conselho de Ministro, a figura que conduziu o processo de devolução a Igreja Católica do imóvel que acolhe a Radio Eclésia e outros que haviam sido nacionalizado pelo Estado angolano logo após a independência nacional.
Quatro anos depois de estar a frente do conselho de Ministro, o PR JES exonerou-o para nomear-lhe Director do seu Gabinete, com a categoria de Ministro junto da Presidência da República. JES cooptou-lhe para membro do Bureau Político do MPLA e escolheu-lhe como seu mandatário nas primeiras eleições multipartidárias realizadas em Angola. Com o retorno do conflito armado, o Estado angolano usou-lhe para poder comprar armas para combater a UNITA (Na altura o governo e a guerrilha de Savimbi enfrentavam embargo quanto a compra de armas).
Viu transferido para sua conta duas transações totalizando 350 mil dólares, a seu favor, numa conta no Banco Comercial Português em Lisboa. Os valores foram transferidos a 28 de Dezembro de 1993 por intermédio da sociedade de Pierre Falcone, Brenco Trading Limited (BTL) acabando por norna-lo na principal figura angolana beneficiaria de uma grande parte das "retro-comissões" que deu azo ao “Angolagate”. A 21 de Fevereiro de 1996 tornou a cair na sua conta 600 mil dólares. Passados cinco meses a BTL voltou a depositar, em seu favor 1,9 milhões de dólares; dois milhões a favor da sua esposa, Maria do Carmo da Fonseca; 1,2 milhões a favor de um parente seu, Alexandre Muno.
Com o fim do sistema de partido único, José Leitão teria sido um dos primeiros elementos do regime do MPLA, a experimentar os beneficios do novo sistema econômico no país. A 16 de Março de 1994 criou o grupo empresarial GEMA (Sociedade de Gestão e Participações Financeiras) tendo como sócios personalidades políticas como Carlos Maria Feijó, Domingos Pitra Neto, Generoso de Almeida e etc. Separou o exercício das funções governamentais com os interesses empresarias. Manteve a maior discrição quanto a paternidade do grupo GEMA colocando como gestor, um funcionário da sede do MPLA, acabado de regressar de Cuba, Francisco Simão Júnior.
José Leitão era depois de JES, a figura mais influente do país. Exercia um poder equiparado a um “Vice-Presidente da Republica”. Na véspera do congresso de 2003 do MPLA, desagradou-se com a forma com que uma comissão de renovação de mandatos do partido avaliou-lhe. Sentiu inação do PR, quanto ao seu caso e constatou que “miúdos do futungo” que ele apadrinhou na ascensão, haviam lhe traído. Face a “conspiração” entendeu que não havia ambiente para continuar no circulo presidencial. Pediu demissão do partido e do cargo de director de Gabinete do PR. Dez dias após ao congresso do MPLA, JES assinou o decreto da sua exoneração. Concentrou-se na actividade empresarial e assumiu a presidência do Grupo Gema que fundara enquanto integrante do executivo.
Mesmo estando fora poder, José Leitão conservou o seu prestigio e respeitabilidade. O MPLA envia-lhe convites para as actividades como conferencias e congressos. (Aceitou ir como convidado na conferencia nacional antes das eleições). Viaja usando a sala de protocolo de Estado do aeroporto 4 de Fevereiro. Membros do regime quando o vêem vão ter com ele saudando com muita consideração. Uma das figuras bastante chegada ao PR que muito estima tem por ele, é Elísio de Figueiredo que aplicou-se em fazer a ponte para um reencontro de “reconciliação” entre José Leitão e JES. “Zé” Leitão optara, entretanto por não comparecer num segundo encontro mantendo se, desde então distanciado do PR.
Depois de Lopo de Nascimento, José Leitão é a segunda figura que mesmo estando fora do poder, sobreviveu em termos de prestigio no regime (Não é abandalhado por ninguém). O seu grupo empresarial passou a ser um dos interesses empresarias privados mais importantes do país, que actua fora do sector do petróleo cuja carteira de negócios ronda aos dois mil milhões de dólares. O grupo entrou numa parceria que aplicou cerca 640 milhões de dólares para o projecto comandante Jika em Luanda. Detém 40% do capital da sociedade do capital que investiu cerca de USD 420 milhões para a construção de uma fabrica de cimento “Palanca Cimento” na zona norte do Lobito. Passou a ter a exclusividade das oportunidade de investimento em Malange. Tenciona identificar, na província do Uíge, oportunidades de investimentos nos sectores da água e energia, construção civil, reabilitação de estradas, pontes e venda de materiais de construção. O governador provincial Paulo Pombolo contactou-lhe para formular um convite que resultou na sua deslocação ao Uíge.
José Leitão da Costa e Silva faz igualmente parte do grupo de 15 accionistas angolanos que detém os 30% do Finibanco Angola, AS, onde é um dos administradores. Em finais de Maio passado o BNA recusou, um pedido o seu que visava aplicar para o pacote de privilégio de isenção fiscal, em favor do Finibanco. O Ministério das Finanças que cabia dar-lhe a ultima documentação sobre o processo informou-lhe que antes de autorizarem precisariam a apreciação técnica do BNA. Por ironia, o responsável da área fiscal do BNA que “bloqueou” a aplicação do Finibanco é um parente seu. O Finibanco é o único banco em Angola sem direito a isenção fiscal.
Uma das facetas que nele se nota desde que largou a vida política é a atenção que passou a dedicar aos membros da sua família. Se aconselha com estes quando quer tomar alguma decisão. Tira férias, forma uma caravana familiar e leva-os a viajar para o estrangeiro. Passou a prestar atenção especial aos membros mais novo da família e em algumas ocasiões, solicita que lhe apresentem projectos para dar o seu apoio. Ajudou um sobrinho, Mortalah Mohammed “Dog Murras” a por no mercado uma loja e uma marca de perfume. Tem também ajudado novos empresário no mercado dando negócios. Apadrinhou o lançamento de uma marca de boneca no mercado angolano e etc. Um dos seus homens de confiança nos negócios é Pedro Januário Macamba. Nos últimos anos passou apostar em dois jovens, Rui Cayate e Njazi Feíjo Neto, a quem confiou o Gabinete de Petróleo da GemStar (subsidiária do Grupo Gema)
No trato pessoal é descrito como “muito decidido” sobretudo, em disciplinar as pessoas, que o traem ou que abusam da sua amizade. É também muito frontal quando o aborrecem chegando a tomar decisões que poderiam te-lo requerido ponderação. Nos negócios do grupo é ele que da o rosto. Em meios familiares é aconselhado a variar a nuance. Aprendeu a não confiar em ninguém. Mesmo nas deslocações ao exterior, o mesmo anda com mais de quatro guarda- costas. Prima pela “boa” aparência/imagem. Nos tempos anteriores já foi um apreciador de charutos cubanos.