Luanda - Após o anúncio do cessar-fogo unilateral da Frente de Libertação do Estado de Cabinda – Forças Armadas Cabindesas (FLEC-FAC), o Porta-Voz e Ministro da Defesa do movimento, Jean Claude Nzita, respondeu às energéticas reacções do Governo angolano.

Fonte: E-Global

“O Governo do MPLA, com a declaração de cessar-fogo unilateral, entrou em desespero, demonstrando a sua descoordenação, contradições e obsessão em negar o conflito em Cabinda, que só o MPLA nega”, disse Jean-Claude Nzita.

 

“Por um lado o MPLA nega existir um conflito em Cabinda, que na realidade dura há mais de 50 anos, e por isso diz não ter em conta o cessar-fogo. Simultaneamente, e estranhamente logo depois do anúncio do cessar-fogo, o MPLA organiza uma conferência de imprensa, na presença de toda a imprensa estatal, onde apresenta seis autoproclamados desertores das FLEC-FAC, que confirmam a existência de guerra em Cabinda. Para cúmulo do ridículo”, prossegue Jean-Claude Nzita, o “Ministério angolano das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, protestou formalmente contra a RTP (Rádio e Televisão de Portugal) devido à televisão estatal portuguesa ter noticiado o cessar-fogo da FLEC, numa clara ingerência na liberdade de imprensa em Portugal. Absolutamente ridículo”, sublinha Jean-Claude Nzita.

 

“O presidente angolano João Lourenço deveria rodear-se de gente mais capaz. Está com incompetentes que querem que a guerra prossiga em Cabinda, como também muitos generais das FAA que enchem os bolsos com os seus tráficos em Cabinda. O fim da guerra será a falência destes generais, e provavelmente a sua condenação”, disse Jean Claude Nzita.

 

“As hilariantes rajadas de contradições e descoordenação do Governo de João Lourenço, são uma prova clara que o MPLA é uma organização que não é credível, nem capaz para negociar o fim da guerra em Cabinda, ou em qualquer outro território do continente africano. Ingenuamente eu acreditava que o MPLA tinha pessoas competentes, mas enganei-me”, disse o Porta-Voz da FLEC-FAC.

 

Sobre a apresentação em Luanda de responsáveis militares da FLEC-FAC, Jean-Claude Nzita confirmou que “dois eram realmente da FLEC, Martins Chincocolo e Afonso Sungo ‘Zing Zong’. Eram pequenos oficiais que estavam sob o comando do Tenente General Semedo. Integraram a FLEC em 2017, tendo sido expulsos em 2024, acusados de conivência com o inimigo. Os outros não sei quem são, como ninguém em Cabinda, nas cidades e nas matas, os conhece”.

 

Segundo Jean-Claude Nzita, a FLEC-FAC e os nacionalistas cabindeses “estão habituados que o MPLA, que diz não haver guerra em Cabinda, apresente como guerrilheiros indivíduos que nunca pertenceram à FLEC e nem sabem pegar numa arma. São pagos para dizerem que são FLEC. Esta prática é sobejamente conhecida em Cabinda. O MPLA aprendeu esta técnica obsoleta de propaganda com o poder colonial português, que utilizou o mesmo método quando o MPLA estava nas matas”, disse.

 

Para o Porta-Voz da FLEC-FAC, o “MPLA entrou em desespero total porque compreendeu que perdeu o monopólio da questão de Cabinda. E neste desespero descredibiliza-se mais ainda. Dispara em todas as direcções, apresenta guerrilheiros quando garante que não há guerra. Ataca a UNITA por estar disponível para falar sobre paz com a FLEC. Ataca a comunicação social portuguesa por esta fazer o seu trabalho sem o controlo da censura angolana. O que é certo, é que vamos prosseguir com o processo que expomos no último comunicado”.

 

“O presidente João Lourenço tem de rodear-se de políticos e conselheiros capazes, com sabedoria, que conheçam a realidade cabindesa, desprovidos da propaganda do MPLA. É possível negociar a paz em Cabinda, com sabedoria, serenidade e seriedade. João Lourenço tem de afastar-se de personagens tóxicas que ridicularizam a sua imagem em Angola e no Continente africano”, concluiu Jean-Claude Nzita.