Huambo - Convidado para reagir a respeito da decisão do tribunal de polícia em absolver todos os manifestantes detidos, injustamente, no último dia 8 do corrente, quando exigiam a alvedrio do primeiro grupo dos jovens revolucionários, nos arredores do local onde decorriam as sessões de julgamento, o secretário geral da UNITA, Abílio Kamalata Numa, mostrou-se álacre pela parcialidade em que o processo foi conduzido.


Fonte: Club-k.net



"Primeiro é para dizer que os órgãos de justiça, se forem a actuar nessa dimensão, estaríamos a dar os primeiros largos passos para um verdadeiro estado de direito", avançou o deputado, exigindo que às autoridades competentes uma indemnização a favor destes pacatos patriotas que foram privados de liberdade dos seus direitos durante vários dias. "Seria bom que estes cidadãos que foram humilhados de forma ultrajante, fossem ressarcidos pelo próprio estado".


O temido general - actualmente apelidado, nos corredores da  sociedade civil, de "Abantesma do JES" pela sua forma contundente de tratar certas coisas - lançou mais um apelo ao Executivo angolano. "Apelamos mesmos que estes actos não voltem acontecer".


Kamalata Numa ainda afiançou que caso os resultados do tribunal fossem ao contrário, a sua instituição não iria compactuar com a condenação destes inocentes. "Como nós não estamos aceitar a condenação dos jovens que foram condenados a 45/90 dias", disse, enfatizando que "A UNITA ainda vai debater sobre este assunto na reunião de Comissão Política (a decorrer no Huambo), visto que estes jovens estão na cadeia de forma injusta".



Questionado sobre as últimas declarações de alguns dirigentes, nomeadamente do ministro do Interior e do deputado Bento Bento, que atribuíam a mentoridade de onda de protestos a UNITA, o nosso entrevistado afirmou que o seu partido nunca escondeu a ninguém que quando tiver a necessidade de convocar uma manifestação popular avisará as estruturas de Estado.



Por outro lado, o Secretário Geral do "galo negro" assegurou ser inverdade os comentários de alguns órgãos de comunicação social estatal que rezavam que a sua organização condenara dos actos de protestos registados a nível do país. "Porque são manifestações autorizadas e plasmadas na Constituição. Porém, nós apoiamos, com certeza, a iniciativa destes jovens reivindicadores. Mas, quando chegar altura da UNITA fazer a sua manifestação nós vamos comunicar", reforçou.

 


Dirigentes da UNITA satisfeita com absolvição do SG da JURA


A presidente da Liga da Mulher Angolana (LIMA), Miraldina Olga Jamba, considerou positiva a decisão do tribunal de polícia em absolver o segundo grupo de jovens manifestantes - no qual fazia a parte o secretário da JURA, Nfuka Muzemba - detidos injustamente, no passado dia 8, do mês em curso, pelos agentes da (des)ordem pública.



"Realmente, acho que a justiça tinha que ser feita. Porque não havia matéria do crime contra os acusados", argumentou a líder da segunda maior organização feminina do país, momentos antes de entrar na sala onde está a decorrer, neste preciso momento, a 11ª reunião do Comité Permanente da UNITA, no Huambo.

A nossa fonte questionou aos órgãos estatais se "gritar pela liberdade dos seus companheiros é crime?". "Isso se chama patriotismo", realçou, avançando que seria, extremamente, ridículo - e a justiça angolana estaria mal colocada - caso condenassem os mesmos.


Miraldina  Jamba garante que a luta destes jovens foi justa e, também, serviu de um grande exemplo para a juventude angolana que agora demonstra maturidade política ao povo angolano. "E nós congratulamo-nos com isso", afirmou com um largo sorriso rasgado entre os lábios.


Para ela, caso os resultados fossem ao contrário, a organização que lidera teria veemente tomado medidas sérias. "Se eles fossem condenados nós também íamos tomar algumas medidas".


A mesma positividade é partilhada pela secretária da UNITA na Huíla, Amélia Judith. "Mas também para dizer que, estamos num estado democrático de direito simplesmente no papel, porque na pratica não é verdade", asseverou, acrescentando que "num estado democrático de direito as entidades que acusaram, falsamente, o secretário da JURA deviam não só o indemnizar, ou mesmo um processo crime".


A número um da UNITA na Huíla repudiou energicamente os discursos inflamatórios pronunciados, na véspera, por alguns dirigentes através da média estatal. De acordo com a mesma, estes dizeres não ajudam em nada a reconciliação nacional, uma vez que agora foi comprovada a inocência dos acusados.


"Inclusive, o ministro do Interior - um servidor público - teve que reagir, infantilmente, de forma inflamatória como se de Bento Bento trata-se".


Questionada se a UNITA na Huíla estaria preparada para desencadear uma manifestação, a apelidada "Mulher de barba rija" prontamente respondeu: "se houver está necessidade, ninguém vai nos impedir. Nós estamos prontos para fazê-la porque a Constituição não proíbe".


Enfim, o secretário do galo negro no Cunene, Lazaro Cacunha, garantiu-nos que foi um motivo de satisfação. "Porque o secretário da JURA encontrava-se presente no julgamento dos manifestantes e isso não é crime. Por isso, sabíamos que cedo ou tarde o regime tinha de lhe soltar", ressaltou.


Na sua óptica, os dirigentes do partido no poder têm atitudes que deixa muito a desejar. "Ainda que tivesse envolvido na manifestação, a própria Constituição da República consagra este direito no seu artigo 47", explicou, alertando as autoridades públicas que caso a UNITA no Cunene for, superiormente, orientados desencadeará uma manifestação nas terras do rei dos kuanhamas. "A não ser que o MPLA regride a Constituição".


Para concluir, Lazaro Cacunha considerou irresponsáveis, tendenciosas e antidemocráticas as declarações dos protectores do regime ditatorial do MPLA. "Caso os resultados do julgamento fossem ao contrário, a UNITA no Cunene teria agido de forma enérgica, sem parar, porque seria uma injustiça. E seríamos obrigados a desencadear uma manifestação a nível provincial".