Zaire – Quase mil cidadãos nacionais que habitam nas localidades de Quitona e Pangala, no município do Soyo, província do Zaire, correm sérios riscos de vida por inalarem diariamente, há mais de um ano, o gás sulfídrico (H2S) proveniente das tubagens da Somoil – Sociedade Petrolífera Angolana S.A., uma empresa do Grupo Serena ligada às altas figuras do partido no poder (MPLA).

Fonte: Club-k.net
De acordo com os populares, que habitam naqueles bairros há mais de uma década, tudo começou após a Somoil ter passado as suas tubagens de extração de gás naquelas localidades. “Desde que a Somoil instalou as suas tubagens nestas áreas residenciais começamos a ficar doentes devido a inalação deste cheiro nauseabundo”, disse um dos populares.

 

O Club K não conseguiu obter exactamente dados (anteriores e recentes) sobre a taxa de mortalidade nestas localidades, mas os populares garantem que a taxa de mortalidade aumentou consideravelmente. “Hoje temos registado vários óbitos de crianças e de pessoas idosas devido este problema”, revelou.

 

Sabe-se que as autoridades sanitárias do município Soyo desconhecem a gravidade que o gás sulfídrico (H2S) representa perante essas populações que habitam nestes bairros periféricos, uma vez que, até agora, não foi efectuado nenhum estudo ou averiguação, em relação às queixas apresentadas até aqui pelas vítimas.

 

Segundo as informações publicadas no seu site, a Somoil – que tem como presidente do Conselho de Administração, eng.º Daniel Baltazar da Rocha – é operadora no Bloco CON-1 que está localizado na parte noroeste da bacia terrestre do baixo Congo, na região do Soyo, numa área estimada em 755 Km2.

 

A Somoil é a única empresa privada do país. Ela está em produção nas áreas onshore da Associação FS e da Associação FST desde 2007 e na licença 2/05 desde 2015. Essas licenças, todas localizadas ao longo da foz do rio Congo, possuem depósitos devolvidos por grandes empresas de petróleo.

 

A Somoil – Sociedade Petrolífera Angolana S.A., é uma empresa do Grupo Serena de capital exclusivamente privado, subscrito inteiramente por angolanos, com os estatutos publicados no Diário da República da IIIª Série Nº38 de 22 de Setembro de 2000, cujo objecto social inclui actividades como: Pesquisa, Desenvolvimento, Produção, Comercialização de Petróleo Bruto, Distribuição de Derivados, Serviços de Consultoria e Energias Alternativas.

H2S, O GÁS DA MORTE

Também conhecido por sulfeto de hidrogénio, gás de Ovo Podre, gás de Pântano etc., ele pode originar-se de várias fontes e muitas vezes é resultante de processos de biodegradação. Por exemplo, a decomposição de matéria orgânica vegetal e animal.

 

Este gás já foi o responsável por diversos acidentes, sendo alguns deles fatais, pois é extremamente tóxico e inflamável, exigindo vigilância permanente e um plano de controle de emergência específico.

 

Exposição prolongada ao H2S poderá acarretar perda da sensibilidade ao odor, de intensidade variável de acordo com a concentração do mesmo. Então, uma pessoa exposta ao H2S pode pensar que a concentração do gás está diminuindo, quando na realidade poderá estar aumentando.

 

A susceptibilidade ao envenenamento pelo H2S varia de acordo com a concentração e o tempo das exposições a este gás.

EFEITOS DANOSOS

Os efeitos de um intoxicação com este gás são sérios, similar aos do monóxido de carbono, porém, mais intensos, e podem permanecer por um longo período de tempo podendo causar danos permanentes. Este gás tóxico paralisa o sistema nervoso que controla a respiração, incapacitando os pulmões de funcionar, provocando a asfixia.