Luanda - Vencidos 42 (quarenta e dois) anos de Independência e 16 (dezasseis) de Paz, o angolano continua distante do nível de vida digno que sempre sonhou e cada vez mais próximo da miséria. O básico – saúde, educação, habitação, informação, justiça …condignas – continua um privilégio para um punhado de angolanos e autêntico sonho/pesadelo para a generalidade do povo, que na verdade elege quem governa.


Fonte: Club-k.net

“EMOCIONADO OU CONSCINTE?”

Todos estamos conscientes de que os políticos falharam. Mas, não são os únicos culpados deste desastre. A Sociedade civil, com o seu silêncio – “xê menino não fala politica”- ; covardia- alimentada pelo passado sangrento, que carece de justiça restaurativa” – ; egoísmo- a cultura de que estamos bem, desde que consigamos proporcionar ao nosso agregado familiar um nível de vida digno, enquanto assistimos à miséria do vizinho… - , foi cúmplice da “disseminação” da corrupção, do esvaziamento dos valores que sustentam uma sociedade saudável, consentiu o abuso do poder e até que muitos dos nossos governantes se esquecessem de que foram eleitos para servirem o povo que os elegeu e não para serem servidos.

E agora, de que cidadão precisa o País?
O Emocionado ou o Consciente?

Existe o cidadão EMOCIONADO que festeja por causa de exonerações, de nomeações, do lançamento de satélite, da constituição de arguidos, do fim da bicefalia, sem questionar qual será in concreto a curto, médio e longo prazo o efeito deste episódio, entre outros, “entretimentos” no que tange ao que interessa: RETIRAR O ANGOLANO DA MISÉRIA.


Este cidadão emocionado que vê a sua alegria atingir o “climax” com as últimas revelações sobre o BESA, não aceita viver solitariamente no seu mundo das “histerias”, opta por encarnar o tropa de elite na divulgação virtual “internet” dos sobreditos “soníferos genéricos” sem refletir a importância dos mesmos para a formação e consolidação da cidadania colectiva e promoção do bem comum.


E mais, papagueia a celebre frase: caso se aplique a Lei seriamente- cá em Angola-, todos terminaremos presos, ou seja, todos temos o “rabo preso”. Esta afirmação é absolutamente falsa. Porquanto, a maior parte do povo angolano é vítima e não criminoso.


Angola precisa de cidadãos CONSCIENTES E SERENOS, que compreendam que a vida pública não é monopólio dos partidos políticos, nem que o Presidente João Lourenço, apesar das boas intenções que tem demostrado, sem o apoio e supervisão das suas promessas por parte de cada angolano não recolocará o País no percurso certo.

O angolano consciente:


(i) Sabe que nesta batalha árdua para salvar o País, não deve ser mero adepto ou pião dos políticos, pelo contrário, assume o papel de guerreiro na busca do bem comum;


(ii) Percebe que cada sociedade tem os políticos que gera e que estes devem ser pressionados a trilhar sempre o percurso que justificou a sua escolha para governar e caso desviem do mesmo devem ver o seu mandato revogado e assumir as consequências pelos seus actos abusivos. Só assim, o seu substituto receará seguir o mesmo caminho.


(iii) Exerce a sua cidadania o ano inteiro e não apenas no dia das eleições, ou seja, sabe que não deve “hibernar” durante o mandato dos eleitos e acordar, apenas, por causa do “barulho” da propaganda de quem quer se manter ou conquistar o poder- novas eleições-.


(iiii) O angolano consciente deve FISCALIZAR continuamente o cumprimento das promessas feitas pelos políticos. Nesta missão, é determinante que exija um prazo para o cumprimento das mesmas. Por exemplo: exigir que o Governo publique relatórios periódicos onde espelhe claramente a situação real país. Clarificando e elegendo como paradigma o Ministério da Saúde, a Ministra deve apresentar trimestralmente a taxa de mortalidade infantil e as principais causas. Porém, não bastará apresentar os referidos dados, deve publicitar o horizonte temporal (v.g. um ano …) que precisará para alterar este quadro deplorável. Isto permitirá que o cidadão avalie a pertinências das medidas que serão implementadas e no final do prazo avaliar se as promessas foram cumpridas ou não.


(v) Por outro, também é determinante que se avalie a coerência entre o que se promete e os actos que são praticados, por exemplo: refletir como pode ser benéfico para o combate a corrupção e impunidade, a actual Lei de repatriamento de capitais, se a mesma prevê de que o dinheiro ilicitamente exportado regressará ao autor da ilicitude. De igual modo, porquê motivo deixou de fora os bens (património, participações sociais, …) adquiridos com o tal dinheiro?

(vi) Quanto ao combate da impunidade, corrupção…, cada angolano deve supervisionar a legalidade, bem como fazer um pacto com o dever de denunciar os actos ilegais independentemente de quem seja o prevaricador e acompanhar o seu julgamento.

(vii) E mais, estes comportamentos destrutivos- corrupção, nepotismo, impunidade …- não terminarão por ser a intenção demostrada pelo Presidente da República, mas sim por se enraizar na consciência colectiva de que ninguém está acima da Lei e, para isto, as Instituições e os Operadores de Justiça terão de agir apenas comprometidos com o Direito e com o País.

(viii) O cidadão avisado sabe que não é possível uma sociedade ganhar o combate contra a corrupção sem condenar os grandes corruptos. Logo, sabe que deve estar atento para que dentro de algum tempo (mais ou menos seis meses) contar quantos corruptos foram condenados e se foi recuperado o dinheiro furtado, para que o mesmo seja destinado para o bem comum e os concidadãos que erraram deverão ser ressocializados, ou seja, o ideal passará por combater o “pecado” e reeducar o “pecador”;

(ix) O angolano consciente dissemina a cultura de que somos os primeiros defensores dos nossos direitos e mais, o mal causado ao outro angolano deve ser sentido e repudiado por todos os outros, em vez de fugir covardemente e enganado de que nunca será, também, vítima de tal maldade; bem como trilha o caminho incondicional do cumprimento dos seus deveres e do respeito pelos direitos dos seus concidadãos;


(x) Por último, o angolano útil sabe que para renascer como nação e retirar o país do abismo, devemos apostar em colocar os melhores quadros nos lugares certo, independentemente de ser do partido no poder ou não. Nenhum partido é mais importante do que o País. Socorrendo-nos de um exemplo desportivo, ninguém consegue dirigir uma selecção nacional vitoriosa reunindo na mesma apenas jogadores de um clube.
Sozinhos chegaremos depressa, mas juntos chegaremos longe!