Lobito - A inspecção do Gabinete Provincial de Saúde de Benguela proibiu o Hospital Geral do Lobito de cobrar quaisquer valores às parturientes pela utilização das camas para internamento na respectiva Secção de Maternidade, por considerar tal procedimento ilegal, apurou a Angop.

Fonte: Angop

Em declarações à imprensa, António Aurélio, inspector do Gabinete Provincial de Saúde de Benguela, afirmou que a cobrança de taxas pelas camas às parturientes, feita pelas enfermeiras na maternidade, está desajustada face a lei, razão pela qual o Hospital do Lobito deve abster-se dessa prática indevida.

 

“Recebemos várias denúncias a partir do Lobito, que estão a merecer o devido tratamento”, ressalta o inspector, numa clara alusão às reclamações das utentes da maternidade, que nos últimos dias protestam contra a cobrança de pelo menos 220 kwanzas pela utilização de camas para internamento.

 

Aquele responsável reiterou, todavia, os apelos do Gabinete Provincial de Saúde de Benguela a fim de que a população denuncie comportamentos incorrectos nas unidades sanitárias, de forma que as autoridades possam corrigir o que estiver mal.

 

Segundo a fonte, o director do Gabinete Provincial de Saúde de Benguela, médico António Manuel Cabinda, apenas tomou conhecimento do caso depois que as denúncias das parturientes no Lobito vieram a público esta semana.

 

E imediatamente, a instituição já orientou no sentido de a maternidade pôr fim às cobranças para internamento, de acordo com o interlocutor, afastando, no entanto, qualquer responsabilidade do Gabinete Provincial de Saúde numa acção que considera iniciativa da parte da Direcção do Hospital Geral do Lobito.

O que fazer em caso de cobrança

O inspector António Aurélio pediu às mulheres gestantes, que se depararem com a cobrança de valores pelos serviços prestados na maternidade, a fazerem uma denúncia à Inspecção do Gabinete Provincial de Saúde, que deverá tomar as devidas providências.

 

“Se for cobrado qualquer valor, o paciente não deve pagar e partir imediatamente para denúncia”, exortou, advertindo o Hospital Geral do Lobito que cobranças de camas é uma ilegalidade.

 

Explicou ainda que os valores da comparticipação financeira foram uniformizados. Por isso, as unidades sanitárias devem trabalhar com base nos preços estabelecidos, sobretudo nas áreas de laboratório de análises clínicas para realização de exames médicos.

 

Apesar da uniformização, revela que cada unidade tinha a sua própria tabela, fugindo as regras do regulamento, daí ter alertado que todas as instituições de prestação de serviços médico-hospitalares devem cumprir rigorosamente as normas cobrando valores de acordo com essa tabela.

Hospital admite multiplas cobranças

Abordado pela imprensa, o director do Hospital Geral do Lobito, Luís Varanda, admite que há múltiplas cobranças naquela instituição. Não apenas a nível dos laboratórios de análises clínicas, como também na área de internamento, na qual os valores por cama rondam os 220 kwanzas.

 

Segundo o gestor, as pessoas muitas vezes não concordam pelo facto de lhes ter sido cobrada durante ou após o internamento, em razão das condições de atendimento na unidade hospitalar.

 

“A população não está contra a cobrança, está contra o modo como se faz…”, assevera, mas lembra que há isenção para os pacientes nas urgências, incluindo também os utentes sem nenhuma possibilidade de comparticipação financeira, aos quais o atendimento é feito com normalidade.

 

“Os valores a cobrar dos doentes baixaram significativamente pelo menos, nos últimos quatro meses. Hoje já não temos de solicitar aos utentes cobranças para além de 200 ou 300, em geral”, salienta. E completa: “relativamente às camas, são 220 kwanzas”.

Parturientes reclamam de cobranças

Duas parturientes ouvidas por jornalistas, sob anonimato, queixam-se de que as gestantes estão a travar ultimamente um braço-de-ferro com as enfermeiras da Maternidade do Lobito, por causa das cobranças pelas camas para internamento.

 

“Nos complicamos com as enfermeiras, porque deveríamos pagar as camas, mas disseram que era para alimentação”, relataram ambas as gestantes, que pedem ainda melhorias no atendimento na maternidade, isto porque, muitas vezes, as parturientes são deixadas à própria sorte, só sendo atendidas em casos graves.