Luanda - A liberdade de imprensa em Angola teve leituras convergentes e muito divergentes num animado debate entre os jornalistas Victor Silva, director do Jornal de Angola, e William Tonet, director do jornal Folha 8, nesta sexta-feira, 3, Dia Internacional da Liberdade da Imprensa.

Fonte: VOA

Com a participação de ouvintes e internautas no programa Angola Fala Só, ambos reconheceram haver muitas dificuldades ainda no sector, nomeadamente a falta de recursos e resquícios do passado, mas enquanto Victor Silva falou em mudanças já visíveis, principalmente no Jornal de Angola, onde há liberdade e não existem temas tabus, William Tonnet disse que tudo continua na mesma porque apenas "mudaram-se as pedras".


Durante o debate, houve momentos mais fortes, principalmente quando questionaram o papel dos jornalistas, tanto nos meios públicos como privados.


William Tonnet apontou o dedo ao seguidismo da imprensa pública que acompanha as orientações do poder, “sem dar voz ao contraditório nem ouvindo todas as partes”, nomeadamente num recente caso nas Lundas.


Por seu lado Victor Silva criticou “alguma imprensa privada” que foi invadida por pessoas que usam os jornais para atacar e atingir outros objectivos.


"Isto não é jornalismo", sublinhou, enquanto Tonet ripostou que na imprensa pública há muita propaganda.


Ambos defenderam a necessidade de uma imprensa isenta e sem interferência dos poderes políticos e económicos.


Silva, por exemplo, considerou haver uma imprensa “a duas velocidades”, uma sem amarras em Luanda, outra com dificuldades em algumas províncias, onde os poderes ainda "manipulam" jornalistas.


Tonnet defendeu a despartidarização da imprensa pública e que surjam condições para uma melhor imprensa que alerte contra aquilo que está mal na sociedade.