Luanda - Discurso de Sua Excelência João Lourenço, Presidente da República de Angola, na abertura do Fórum Mundial do Turismo

Luanda, 23 de Maio de 2019

-Sua Excelência Senhor Vice Presidente da República, Dr Bornito de Sousa;
-Sua Excelência François Hollande, ex-Presidente da República Francesa,
-Venerando Juíz Presidente do Tribunal Constitucional, Dr Manuel Aragão,
-Senhora Ministra do Turismo,
-Senhores membros do Executivo,
-Senhores operadores nacionais e internacionais do turismo,
-Prezados Convidados,
-Minhas Senhoras, Meus Senhores,

Permitam-me aproveitar esta oportunidade para dar as boas-vindas e saudar os ilustres convidados, investidores e participantes aqui presentes, em especial Sua Excelência François Hollande e outras eminentes personalidades.


​Agradecemos o facto de terem aceite o nosso convite e fazemos votos que possam usufruir da amizade e hospitalidade do povo angolano, que vos recebe de braços abertos.

Foi com grande satisfação que acedi ao convite da Senhora Ministra do Turismo para proferir algumas palavras na abertura deste magno evento, que vai abordar questões relacionadas com o Turismo, sector que assume no quadro da diversificação da economia um importante papel como promotor do desenvolvimento e gerador de receitas e de postos de trabalho.

O impacto do turismo na construção dos espaços, no dimensionamento dos meios de transportes, na dinâmica social e nas funções urbanas, ou ainda na estruturação do comércio, são factores bastantes para transformar de forma positiva a vida das diferentes localidades com vocação turística.

Estando Angola a enfrentar ainda múltiplos desafios relacionados com a sustentabilidade económica, com a vulnerabilidade social, com o êxodo demográfico ou com a degradação do tecido urbano, existem razões de sobra para o país apostar numa actividade que ajuda a respeitar e valorizar a idiossincrasia dos povos, que oferece oportunidades para a recuperação, activação e valorização do património histórico-cultural, que aporta recursos para melhorar a paisagem urbana e rural, que gera oportunidades para redimensionar as infra-estruturas urbanas e que pode transformar para melhor o meio em que vivemos.


​Nesta perspectiva, o Executivo Angolano encarou de bom grado a realização destes dois grandes eventos internacionais, o Presidential Golf Day e o Fórum Mundial do Turismo, como mais uma etapa para se promover a imagem do país, para se melhorar o ambiente de negócios e para se captar o investimento directo estrangeiro.
​Para tal, é importante que os operadores de turismo, as grandes cadeias hoteleiras e os líderes de opinião internacionais possam constatar não só as nossas potencialidades turísticas, mas também os constrangimentos actuais e os enormes desafios que ainda temos pela frente.

Só com essa percepção in situ, é que podemos perspectivar e traçar juntos uma rota de progresso da indústria do turismo e lazer para Angola.

Minhas Senhoras, Meus Senhores,

As oportunidades de negócio no sector do turismo em Angola, resultam de este poder ser uma actividade integradora de múltiplos sectores no país, estabelecendo uma relação com todos os órgãos produtivos da economia nacional.

​A sua natureza multifacetada e transversal determina que no turismo se encontram implicados quase todos os órgãos de gestão do território e da administração do Estado, designadamente o ambiente, a cultura, a economia, as obras públicas, o urbanismo, os transportes, a segurança e a saúde.


​Assim, as diferentes unidades de produção de bens e serviços que conformam a indústria do turismo devem satisfazer as necessidades criadas por este.


A aposta do Governo angolano para o médio e curto prazo, assenta no seguinte:

-Expansão das infra-estruturas hoteleiras aumentando a oferta e diversidade de opções para os turistas e clientes em geral;

-Infra-estruturação dos polos turísticos de Cabo Ledo, Calandula e do projecto transfronteiriço Okavango-Zambeze;

-Melhoria da qualidade dos serviços no sector;

-Promoção da actividade nos mercados internacionais promotores do turismo e que despertam o interesse dos turistas para os diferentes destinos turísticos mundiais.

Para o alcance dos objectivos preconizados, temos em fase de implementação o Programa de apoio à produção, diversificação das exportações e substituição das importações PRODESI, o qual, pela sua transversalidade, cria condições para melhorar o ambiente de negócios no país, incentivar o investimento privado e promover parcerias.

Com a inserção do turismo neste programa, enquanto um dos sectores estratégicos para a diversificação da economia nacional, pensamos ter iniciado um processo irreversível de dinamização da actividade económica, com vista à inversão do cenário desfavorável provocado pela crise económica e financeira que assolou o país há alguns anos.


​Constitui um desafio importante aumentar a oferta de quartos nos hotéis e resorts de todas as categorias ainda por construir, e fazer com que os diferentes subsectores do turismo ao longo de toda a cadeia, absorvam os jovens à procura de emprego.


​Entendemos que a dinamização do turismo no país deve passar por uma maior interacção dos intervenientes na cadeia de produção e distribuição turística.

Neste sentido, importa promover uma maior interacção entre os fornecedores de serviços hoteleiros e de transportes e os operadores turísticos; melhorar as ligações terrestres e marítimas e as ligações aéreas, bem como facilitar ao máximo o processo de aquisição de vistos para os turistas, algo que em parte felizmente já é uma realidade.

O Executivo Angolano tem definido um novo quadro para o investimento directo estrangeiro, onde se destacam a Nova Lei do Investimento Privado, a Lei da Concorrência e o Regime de Isenção e Simplificação dos Actos Administrativos para a Concessão de Vistos de Turismo, entre várias outras medidas e acções já tomadas.


​Aos investidores presentes neste fórum, apraz-nos propor o desafio da descoberta das enormes possibilidades de desenvolvimento de negócios de turismo em Angola, assentes na diversidade de recursos naturais como os do Okavango-Zambeze, zona rica em vida selvagem e biodiversidade, importantes para o eco-turismo como os imensos parques naturais do Yona, da Quissama, do Lumeje-Cameia, as quedas de Calandula, as Pedras Negras de Pungo Andongo, a Cachoeira do Binga, as ruínas de Kulumbimbi e o Museu dos Reis do Congo, ambos em MBanza Kongo, ascendida a património histórico-cultural mundial pela UNESCO, o Museu da cultura Tchokwe no Dundo, as pinturas rupestres do Tchitundo-hulo, as nossas lindas praias à espera de investimentos das cadeias internacionais de hotéis e resorts.


​O negócio dos navios cruzeiros transatlânticos tem um grande potencial por se explorar e desenvolver, pelo facto de Angola constituir um ponto de passagem e paragem obrigatória para aqueles paquetes que vêm da costa leste das américas do norte e do sul, assim como dos provenientes do Índico e que dobram o cabo da Boa Esperança na África do Sul.

Angola desfruta de paz e de estabilidade política e social duradoura, tem um clima ameno e agradável praticamente todo ano; para além dos sítios e das belas paisagens naturais é rica na sua diversidade étnico-linguística e cultural, com música, pintura, artesanato, culinária e gastronomia diversificada e outras manifestações que, com certeza, despertam o interesse do turista.


​É com o propósito de lhes dar a oportunidade de constatar ao vivo tudo isso que temos presentes neste Fórum, não apenas as cadeias hoteleiras mundialmente conhecidas, como a MARRIOT, RADISSON, HILTON e ACCOR, mas igualmente os operadores de turismo a nível mundial, como a TUI, THOMAS COOK, e CORAL TRAVEL, cuja presença saúdo uma vez mais.

Gostaria de igual modo de exortar todos os potenciais investidores a explorarem as oportunidades dos demais sectores da economia nacional como os da Agro-Pecuária e Florestas, das Pescas, dos Recursos Minerais, da Indústria Têxtil, da Petro-Química, das Tecnologias de Informação e outras que sejam rentáveis para o investidor e que sejam geradoras de emprego.

Finalmente, faço votos que este Fórum Mundial do Turismo seja verdadeiramente uma plataforma de abertura ao investimento directo estrangeiro para o país e promova parcerias duradouras entre empresários nacionais e estrangeiros, para o desenvolvimento do turismo, criando através destas as infra-estruturas para a sua operacionalização.

Da parte do Executivo angolano fica o compromisso de tudo fazer para viabilizar e apoiar os investimentos que se constituam em catalisadores da nossa economia.

Espero por isso, que juntem as vossas vozes às dos angolanos na divulgação de uma nova Angola, a Angola da Paz e do Progresso, a Angola do mais novo destino turístico mundial.

Os angolanos, com a sua tradicional hospitalidade, dão-vos as boas vindas a Angola.

MUITO OBRIGADO!