Luanda - As recentes reacções da filhas do antigo Presidente angolano José Eduardo dos Santos a medidas do Chefe de Estado João Lourenço têm alimentado nos círculos políticos da capital angolana e nas redes sociais um debate em torno de um ambiente bastante hostil entre as duas partes.

*Coque Mukuta
Fonte: VOA

Santos-Lourenço, uma transição por fazer e com consequências

A deputada Tchizé dos Santos, filha do antigo Presidente, pediu recentemente a impugnação e o afastamento de Lourenço, enquanto este disse que uma eventual suspensão do mandato da deputada é responsabilidade da Assembleia Nacional.

 

No dia 17, João Lourenço anulou um decreto com contratos aprovados em 2016 por um despacho assinado pelo ex-Presidente José Eduardo dos Santos, alegando a "sobrefacturação nos valores com serviços onerosos para o Estado".

 

Duas empresas de Isabel dos Santos foram afectadas, tendo a empresária vindo a público dizer que todas as acusações são falsas.

 

Nos círculos políticos angolanos é opinião generalizada que há uma guerra entre Santos e Lourenço, havendo quem fale em grupos financiados pelo antigo Presidente para desestabilizar a actual governação.

 

Walter Ferreira, jurista e analista, é de opinião que muito do que está a acontecer é de "âmbito pessoal" e considera que a transição não foi feita da melhor forma.


Aliás, o também analista Rui Kandove entra um pouco no diferente ente Santos e Lourenço e afirma que "após João Lourenço perceber que não havia vontade de José Eduardo dos Santos em fazer uma transição transparente ao não passar as pastas, decidiu avançar para uma ruptura".

 

As acusações das filhas e de outros próximos do antigo Presidente apontam para um ataque "cerrado" a Lourenço que, também, é citado por vários observadores como estando a mexer "apenas em pedras", próximas de José Eduardo dos Santos, e não no sistema.

 

Walter Ferreira, no entanto, considera que as acusações devem ser provadas, nomeadamente ao se referir às declarações de Tchizé dos Santos.