Lisboa - Meios com apurado domínio em questões militares, em Angola, tem notado sinais de desorganização administrativa no seio de oficiais que cuidam da proteção presidencial angolana. A constatação é, agora, acentuada com a ocorrência recente de actos que resultaram na marginalização da hierarquia militar.

Fonte: Club-k.net

General José “Maua” perde controle dos subordinados 

De acordo com dados em posse do Club-K, há poucos dias o comandante adjunto da Unidade de Segurança Presidencial (USP), coronel Domingos André Caimesse, assinou, na ausência do seu superior hierárquico, a ordem 33/19 que determina a exoneração do chefe de Estado Maior adjunto da USP, coronel “Nicolau”. Dias depois, ao se alertar que André Caimesse não tinha competência para tal, o comandante da USP, tenente- general José João “Maua” anulou o documento do seu adjunto e assinou uma outra ordem, com o numero 35/19 determinando ele próprio a exoneração do coronel em causa.

 

Segundo alertas, tanto o comandante da USP, José João “Maua” como o seu adjunto, Domingos André Caimesse, não tem competências para assinar a referida exoneração, visto que o coronel “Nicolau”, foi nomeado em Novembro passado por despacho do ministro e chefe da Casa de Segurança, general Pedro Sebastião e somente este que tem competência para também exonerar o referido oficial militar. A ordem de exoneração das duas altas patentes da USP violam o ponto 7 do documento que regula as normas militares.

 

A iniciativa de se exonerar o coronel “Nicolau” foi, segundo constatações, baseada num pedido do seu superior, o chefe de Estado Maior da USP, coronel Santos Manuel Nobre no seguimento de uma crispação entre ambos. Santos Manuel Nobre é negativamente referenciado como o “novo Zé Maria do palácio presidencial”. O seu adjunto, “Nicolau”, ao que consta, entrou em contradição depois de Santos Nobres ter feito um documento dando ordem de prisão a cinco soldados da USP, sem ter obedecido normas administrativas, usurpando competências da Polícia Judiciaria Militar. Depois de manter os seus subordinados por 10 dias de detenção, enviou o documento ao gabinete do Chefe da Casa de Segurança, general Pedro Sebastião resultando no afastamento e transferência dos cinco soldados para o exercito (FAA).

 

A nível dos militares do palácio presidencial, considera-se despromoção quando um soldado é transferido para o exercito. Um capitão da USP e UGP, por exemplo ganham de salário 500 mil kwanzas enquanto que no exercito, um militar com a mesma patente aufere 330 mil kwanzas.

O caso dos 5 soldados afastados

De acordo com apurações, o crime de um dos soldados recentemente afastado, deveu-se ao facto de numa deslocação presidencial a província da Huila no mês passado, o mesmo ter saído no momento de folga e envolveu-se intimamente com uma cidadã local. Ambos acertarem ter um envolvimento e no momento do acto, o soldado terá se sentido impreparado para prosseguir com o acto tendo se recusado pagar a senhora resultando em desentendimento. A informação chegou ao conhecimento do superior hierárquico, coronel Santos Manuel Nobre, este determinou a sua prisão, assim que chegaram ao quartel, em Luanda.

 

No caso de outros dois, alega-se que um deles teve um episodio semelhante na primeira semana de Maio quando realizou-se a deslocação presidencial a província do Cunene. Consta também que durante um momento de folga, um soldado procurou por uma amiga antiga nesta província, acabando por visita-la em casa da mesma. Logo a seguir, o esposo da amiga apareceu flagrando os dois, desencadeando um ambiente áspero. O esposo da “velha amiga” recorreu da solidariedade dos vizinhos e tentaram linchar o soldado que pós se em fuga. Ao correr, de forma a dissipar, o grupo liderado pelo esposo da amiga, o soldado fez um disparo no ar, que foi determinante para que o seu superior o mandasse prender pelo recuso a arma de fogo, sem ter havido razão para tal. No momento da fuga, o referido soldado cruzou-se com um outro colega da USP, Agostinho Fernandes que ao ver o outro a correr também fez o mesmo, mesmo sem saber o que estava acontecer.

 

Postos em Luanda, Agostinho Fernandes foi também afastado – sem ser ouvido - e transferido de castigo para o exercito pelo seu superior, Santos Nobre. Porém, dentro do palácio presidencial, há insinuações de que o afastamento de Agostinho Fernandes terá sido movido por sentimentos de antigas rivalidades entre Santos Nobre e um irmão de Agostinho, de nome neste caso, o coronel Daniel Domingos de Castro “Dany”, antigo ajudante de campo do ex-Presidente da República e que se mudou para a residência do Miramar.

Após a penalização dos cinco soldados penalizados, o coronel “Nicolau” mostrou o seu descontentamento pela forma como foram detidos e também como o seu superior Santos Nobre fez documento ao segundo comandante da USP fazendo chegar ao chefe da casa de segurança, Pedro Sebastião que por sua vez assinou às ordens de transferência para o exercito (FAA). Toda esta operação administrativa, foi feita nas costas do comandante da USP, tenente- general José João “Maua” gerando agora comentários invocando praticas de marginalização da hierarquia.

 

De acordo com analises, os erros que tem acontecido na gestão da USP, é baseado no facto de às estruturas intermedias não fazerem comunicação ao comandante José João “Maua” razão pela qual este passou a não dominar dos problemas que ocorrem neste unidade militar afecta ao palácio presidencial.