Luanda - O stalinismo ou estalinismo como doutrina política e doutrinária designa o período em que o poder político da antiga União Soviética foi exercido por Josef Stalin. O stalinismo não existiu como teoria política ou filosófica, uma vez, que não articulava de forma sistemática e na sua originalidade determinados conceitos e princípios científicos.

Fonte: Club-k.net

O stalinismo como sistema político teve na sua essência o domínio absoluto de uma liderança absolutista e ditatorial na sua estruturação, no sentido de uma só voz e de uma só nação, que dispunha de meios por intermédio dos quais estabelecia como verdade irrefutável na sua interpretação particular do marxismo/leninismo, do qual alvorava-se como a condição de único intérprete da realidade social e política de um país como era a URSS, no sentido de Um só Povo e de Uma só Nação. Neste sentido, o stalinismo reproduzia e induzia de forma estrutural o pensamento único e inquestionável.


Segundo estudos políticos e filosóficos, eis algumas características comuns do stalinismo:

• Ditadura burocrática de regime de Partido Único;

• Centralização dos processos de tomada de decisão no núcleo dirigente do Partido;

• Burocratização do Aparelho Estatal;

• Completa eliminação de qualquer tipo de oposição;

• Culto de Personalidade ao Líder, Presidente do Partido e Chefe de Estado;

• Intensa presença de propaganda política do Partido e do Estado, nas artes e na criação artística em nome do Povo e da Nação;

• Censura e autocensura nos meios de comunicação social, com total dependência do Partido e do Estado;

• Perseguição das Igrejas e Religiões, incentivando o nacionalismo estreito e o dogmatismo político do Partido/Estado, ateísmo Marxista/Leninista;

• Colectivização obrigatória do processo produtivo da nação, na apropriação do Estado sobre os meios de produção, sendo ela agrícola ou industrial, ou seja, uma economia totalmente centralizada;

• Militarização da Sociedade e o enquadramento exclusivo na gestão do Estado entregues exclusivamente aos Quadros do Partido.


A margem do Stalinismo, que emergiu na URSS depois da revolução de Outubro de 1917, em que os Bolcheviques liderados por Lenine assumiram o poder na Rússia na queda do regime czarista, nascia no outro lado da Europa o nazismo que foi uma política de ditadura que governou a Alemanha entre 1933 e 1945, período este que também ficou conhecido como o Terceiro Reich, liderado por Adolf Hitler.


A ideologia política do nazismo, na sua fase embrionária, após a Primeira Guerra Mundial de 1914 a 1918, com a Alemanha destruída e humilhada por ter sido derrotada na guerra. Neste cenário de degradação da Alemanha, surgiu o sentimento de revolta entre os alemães, contra os governantes que ocupavam o governo na época pela situação de calamidade do país e do povo alemão que exigia então mudanças drásticas e rápidas no sistema político vigente na altura.


O Partido Nazi (Partido Nacional – Socialista dos Trabalhadores Alemães – NSDAP), alegava que a culpa de todos os problemas da crise que enfrentava a Alemanha era, dos imigrantes judeus, dos comunistas e dos liberais, que causavam a desordem e “roubavam”, as oportunidades dos “alemães puros”, que segundo os nazistas pertenciam a uma “raça superior”, a raça ariana.

O termo “nacional-nacionalismo”, segundo teorias políticas e filosóficas, surgiu a partir da tentativa de redefinição nacionalista do conceito de “socialismo”, para criar uma alternativa tanto ao Socialismo Científico (Comunismo Científico de Marx, Engels e Lenine) como ao Capitalismo Liberal de Mercado Livre de Max Weber .


A ideologia nazista rejeitava o conceito da luta de classes, mas por outro lado, defendia a propriedade privada e a acumulação primitiva de capital, principalmente o da produção oriunda das empresas alemães, que beneficiavam lucrativamente a raça ariana.


Com a chegada de Hitler ao poder na Alemanha, com o Partido Nacional Socialista, eis as principais características do seu regime:


• O racismo e o antissemitismo eram, especialmente uma característica central do sistema político e do seu regime;

• Os povos germânicos principalmente a raça ariana, foram considerados a representação mais pura do arianismo e, portanto, a raça superior;


• Os judeus, os negros e outros grupos considerados indesejáveis eram brutalmente oprimidos, perseguidos e/ou assassinados;


• Membros da oposição liberal, socialistas e comunistas eram forçados ao exílio, presos e mortos;


• As Igrejas cristãs também foram oprimidas, sendo muito dos seus líderes presos e mortos:


• A educação era baseada e focada na biologia racial, política populacional e de aptidão para o serviço militar;


• A carreira e oportunidades educacionais para as mulheres foram reduzidas;


• A recreação e o turismo como fonte de propaganda do sistema através do programa “Força pela Alegria” e os Jogos Olímpicos de Verão de 1936, serviu de apresentação do Terceiro Reich no contexto das Nações;


• Joseph Goebbels, o ministro da propaganda, fez uso efectivo de filmes, manifestações de massa e da hipnotizante oratória de Hitler para controlar a opinião pública alemã. O governo nazista controlava os meios de comunicação social, controlava as artes e a expressão artística, ou seja, a mente humana do povo alemão, ao ponto de promover formas de arte específicas, enquanto reprimia, proibia e desencorajava outras de interesse público.


• Expansão do território alemão além fronteiras, criação internacional de espaços de influência política através da ocupação de outros países.



A par do stalinismo na antiga URSS e do nazismo na Alemanha de Hitler, o MPLA, também interpretou mal as teorias de Charles Darwin e de Friedrich Nietzsche, sobre a “evolução da origem das espécies”, da perenidade do poder e com os mesmos actores políticos de preferência da raça ariana na liderança do país, como seres humanos de “raça superior” e a teoria de “perspectivismo, da avidez do poder pelo poder, a morte e a substituição de Deus e a representação do homem como o Deus na terra”.


Para Darwin, “existe um contínuo de variações na natureza e as suas variedades têm as mesmas características gerais que as espécies, não podendo sempre as distinguir facilmente”.

Nietzsche, por sua vez, “o rigor germânico, o anti-semitismo, o imperativo categórico, o espírito aprisionado, antípoda de seu espírito livre. Perspectiva uma filosofia histórica que identifica a vida e a história, abrindo assim a possibilidade de uma história de valores. Mas o problema da sua teoria consiste em saber como concretizar-se esta última”.


O MPLA nasceu teoricamente em Angola, com a sua fundação à 10 de Dezembro de 1956, por um grupo de angolanos que deu a conhecer o Manifesto do Amplo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), apelando para a constituição, em todo o país, de organizações independentes entre si, de modo a poderem resistir e combater juntos e melhor, bem como, o de iludir com eficiência a vigilância das forças opressoras coloniais. Daí, considerar-se como data oficial da fundação do MPLA, o 10 de Dezembro de 1956.


O MPLA já no exílio e na guerrilha, até aquela altura, ainda congregava todas as forças políticas nacionalistas e independentistas a margem dos seus ideais políticos, das crenças religiosas, das suas origens, sociais, tribais e regionais, bem como, a da raça. Tratava-se na época de um Movimento de Libertação com estrutura de Nação.


Foi a 31 de Janeiro de 1960, que o MPLA é refundado, sob a liderança do Presidente António Agostinho Neto, onde teve início a penetração dos grandes fundamentos políticos de exclusão, desmobilizando o país para uma luta comum contra o inimigo a dominação colonial portuguesa, impondo os seus ditames do marxismo/leninismo.

Nesta época assistiu-se a política de exclusão no MPLA, onde foram vítimas alguns fundadores, como o Mário Pinto de Andrade (Presidente), Viriato da Cruz (Secretário-Geral) , Gentil Viana, Matias Miguéis, Hugo Azancot de Menezes, Eduardo Macedo dos Santos, entre outros.

Os valorosos combatentes do MPLA que deram as suas vidas pela causa do Povo Angolano, hoje como que sem qualquer glória, onde destacamos como heróis nacionais, o Comandante Hoji-Ya-Henda, a Deolinda Rodrigues, os Comandantes Gika, Valódia, Bula, Eurico Gonçalves, Monstro Imortal, Saydi Mingas, os Dangereaux’s (o da 1ª Região Político Militar e o das Chanas do Leste), Nito Alves, Bakalov, Sianouk, Ho-Chi-Min, Tadeu, Giap, Fenómeno, Kiluange, entre outros.


A 10 de Novembro de 1975, o Comité Central do MPLA aprovava a Lei Constitucional da República Popular de Angola e consequentemente a 11 de Novembro do mesmo ano, o Presidente António Agostinho Neto proclamou a Independência do país perante a África e o Mundo.


No discurso da Proclamação da Independência de Angola, do Presidente Agostinho Neto, destacamos os seguintes excertos:


“O longo caminho percorrido representa a história heróica de um Povo que sob a orientação unitária e correcta da sua vanguarda, contando unicamente com as próprias forças, decidiu combater pelo direito de ser livre e independente.


Apesar da brutalidade da opressão e do terror imposto pelo colonialismo para asfixiar a nossa luta, o Povo angolano, guiado pela sua vanguarda revolucionária, afirmou de uma maneira irrefutável a sua personalidade africana e revolucionária”.


O que observa-se nestes excertos do Presidente Neto, na Proclamação da Independência, ficou evidente que o MPLA utilizou as mesmas estratégias ditatoriais e de opressão na organização política e na gestão do Estado angolano, baseando-se no stalinismo e no nazismo. Ou seja, a dicotomia de “Um só Povo e de Uma só Nação” e de “Uma só Voz no Partido”, ilustra bem, que o povo angolano foi subjugado, manipulado e transformado em propriedade privada do MPLA, tal como feito pelo PCUS na antiga URSS, de Stalin e na Alemanha pelo Partido Nazi Fascista de Hitler.


Ao longo da gestão de Estado do MPLA no poder, em Angola, nos seus 44 anos ininterruptos, só foram “livres e independentes” em Angola, os dirigentes do Comité Central e do Bureau Político (improdutivos, incapazes, corruptos e nepotistas), que apropriaram-se do país e do povo, como que de sua propriedade privada se tratasse e de seus súbditos.


O MPLA ao longo dos anos que governa Angola nunca conseguiu atribuir um salário condigno ao povo que sempre trabalhou de forma inequívoca para este Partido, sem solicitar absolutamente nada em troca. Pelo contrário, o que obteve como resposta, desta realidade, da direcção dando como exemplo, o Presidente José Eduardo dos Santos, que teve a veleidade de enunciar na praça pública que já encontrou a pobreza e que ela vinha dos nossos antepassados e que não havia nada a fazer. Então com que objectivo o cidadão José Eduardo dos Santos, propôs-se a ser Presidente e por sinal 38 anos, mas apenas incentivou a ignorância, a ganância e o egoísmo?


Por seu lado, o Presidente João Lourenço, logo após a sua tomada de posse interpelado pelos jornalistas em conferência de imprensa na questão salarial no país, seguindo a mesma lógica do seu antecessor, limitou-se apenas a informar ao país “que para melhorar os salários dos angolanos teria de reduzir drasticamente o número de trabalhadores da função pública”.

O que é que o POVO HEROICO e GENEROSO de Angola, ainda espera da direcção do MPLA, senão a miséria a manipulação e a encenação política?


Com a visão estratégica da direcção do MPLA para o país, estamos em crer que este nosso Partido nunca pensou no seu povo, que sempre diz defender, porque desde a sua implantação como poder político em Angola, dando-lhe como tamanha a “Ingratidão”, a instrumentalização do seu povo com base na ignorância, mobilizando-o para uma guerra de desgaste, a domesticação colectiva para os seus propósitos inconfessos, a um sacrifício exacerbado e a uma miséria colectiva e massificada totalmente desconexa.


Assim sendo, como foi possível Angola, alimentar uma guerra de longa duração e de desgaste contra a UNITA, utilizando apenas o recurso do petróleo e a UNITA recorrendo a venda de diamantes? E hoje com a paz efectiva o MPLA/Estado não consegue encontrar estratégias com o recurso do petróleo e do diamante e também não consegue governar o país com uma população estimada em 27 milhões de habitantes?


Será que os grandes objectivos do MPLA, em libertar o país foram apenas para enriquecer o seu Comité Central e o seu Bureau Político? O MPLA, com a sua engenharia do mal, teve a magnificência de anular a FNLA, a UNITA e o seu Povo, recorrendo a compra de consciências, corrupção, o enriquecimento ilícito e o nepotismo, num mero exercício de substituição do colono.


A direcção do Partido, criou um sistema político de intriga e manipulação para se manter no poder, um dispositivo interno de gestão invisível de afastamento e mutilação, que sempre estiveram na base das suas estratégias na anulação dos seus militantes/quadros e intelectuais livres, com liberdade de pensamento e patriotas. Não foi um mero acaso a fabricação de doutores oriundos da Universidade do Catambor.


Fruto destas estratégias malévolas, destacamos como vítimas os seguintes heróis:

• Deolinda Rodrigues;

• Hoji-Ya-Henda:

• Gika;

• Dr. Miro

• Carlos Rocha “Dilolwa”

• Dinbondwa.


Os camaradas Dilolwa e Dinbondwa foram forçados a ceifar as próprias vidas, pelo facto de terem sido de tal forma violentados na sua integridade física e moral, com políticas de ostracismo, de total desprezo e humilhação, praticados pelos seus correligionários de trincheira que não tiveram outra saída senão o suicídio.


Hoje, fica claro, que o MPLA ao longo da sua história, funcionou sempre na eliminação e mutilação dos seus militantes livres e não dogmáticos face a direcção do Partido.


O que se poderá esperar do MPLA senão a exclusão, a indigência e a loucura colectiva? Somos de opinião, que o modus operandis do MPLA/Estado de fazer política, em humilhar e desprezar os seus militantes e o Povo angolano em geral, serve de motivação para um caso de estudo científico pela forma ardilosa de mutilar e destruir pessoas.


Os militantes do MPLA, os que engajaram-se na luta de libertação, pela causa do povo angolano, muitos há que aderiram desde a infância até a velhice, que redundou-se numa Ingratidão. O que significa dizer que a maioria dos militantes do MPLA, foram utilizados e manipulados como objectos inumanos que, ao serviço do Partido, só contribuíram para perpectuar o poder, dos maquis até a presente data.


Estes verdadeiros militantes do MPLA, que foram no passado, pioneiros guerrilheiros, guerrilheiros, antes da Independência, oficiais das FAPLA e muitos dos quais Comissários Políticos, foram forçados a viver na indigência para além de transformados em inimigos do Partido para o qual trabalharam anos a fio. Tudo porque os Membros do Comité Central e do Burau Político do Partido, que com o esforço anímico dos militantes do MPLA, perpectuaram-se no poder, de forma desumana mentindo a tudo e a todos, preparando os seus filhos no exterior do país para que de forma maquiavélica transferissem o poder para os seus progenitores que devidamente instruídos perpectuarão o sistema vigente do Partido/Estado.


E foi sempre desta forma, que a Direcção do MPLA, ao longo da sua existência, constantemente esvaziou e manipulou, todos os preceitos formais e estruturais do Partido, criando um fosso entre os conteúdos políticos e a prática do militante, principalmente no sentido de ser-se um bom e verdadeiro patriota e respeitador do bem comum. Esta prática militante ético e moral, tornou-se desconexa e desprezível, para a direcção do Partido. Que ao contrário desta prática militante, o MPLA, perdeu a sua essência ao deixar-se transformar de forma redutiva, num clube de famílias, de parentes e de amigos, que no actual contexto político nacional e internacional, não restará outra saída, senão a sua própria extinção de vanguarda do povo.


Daí, a grande Ingratidão e traição que o MPLA cometeu ao Povo Angolano, que desde a primeira hora sempre esteve do seu lado, com humildade, abnegação e com o espírito de missão.


Santos Pereira