Luanda - Está desfeito o mistério. Isaías Samakuva vai mesmo recandidatar-se à liderança da UNITA, no XIII Congresso do partido, que se realiza entre os dias 13 e 15 de Novembro deste ano. Segundo uma fonte contactada pelo Jornal de Angola, a informação foi avançada ontem, em Luanda, pelo próprio Isaías Samakuva, durante a décima reunião ordinária do Comité Permanente da Comissão Política do partido. 

Fonte: JA
O anúncio feito ontem por Isaías Samakuva vem inibir outros potenciais candidatos a formalizarem a intenção de liderar a UNITA. Um dos nomes apontados nesta condição é o actual presidente do grupo parlamentar do partido, Adalberto Costa Júnior, que, publicamente, afirmou que a sua candidatura estava dependente de Samakuva.

Em declarações ao Jornal de Angola, no princípio deste mês, Adalberto Costa Júnior, disse que só avançaria caso o actual presidente cumpra com a palavra dada há já algum tempo: “não concorrer a mais um mandato” de quatro anos.

Entretanto, ontem, Isaías Samakuva, que se encontra na liderança da UNITA desde 2003, depois da morte do presidente fundador, deu o dito por não dito, ao anunciar a intenção de voltar a concorrer para mais um mandato de quatro anos, embora que ainda não de forma oficial.

A decisão de Samakuva não surpreende a muitos analistas, sobretudo pelas manifestações de apoio sentidas em alguns círculos do partido e pelo silêncio a que se remeteu depois disso. “Se na verdade ele quisesse mesmo deixar a liderança da UNITA já o teria dito há muito tempo”, considera um analista.

Depois de, nos últimos meses, Isaías Samakuva ter reafirmado, publicamente, que não seria novamente candidato, foram surgindo nas fileiras do partido algumas figuras que defendiam a recandidatura do actual líder. Uma dessas figuras é Alcibíades Kopumi, membro da actual direcção, que, em Abril deste ano, escreveu, na sua página do Facebook, que apoiava a ideia de Samakuva concorrer para mais um mandato de quatro anos, que, no caso, seria o quinto.

Segundo Kopumi, com a recandidatura de Samakuva, a UNITA deixaria de ter a possibilidade de conhecer uma outra figura como candidato do partido nas eleições gerais de 2022. Secretário provincial da UNITA na Huíla no período entre 2016 e 2018, Alcibíades Kopumi sustentou ainda a sua tese com a “impressionante energia e capacidade de trabalho” de Isaías Samakuva, apesar da idade, 73 anos.

Entretanto, a decisão tomada ontem por Isaías Samakuva pode ter apanhado de surpresa alguns dirigentes do partido. Um deles é o secretário provincial da UNITA no Cuando Cubango, Adriano Sapiñala, que, no mês passado, garantia que Samakuva não voltaria a concorrer.

Ao falar numa mesa-redonda sobre o tema “Angola, após a saída de José Eduardo dos Santos do poder”, o também deputado afirmou que tinha informações seguras de que Samakuva não voltaria a candidatar-se.

Kachiungo e Kamalata Numa

Um dos nomes que se tinha cogitado como tendo pretensões de voltar a candidatar-se à liderança da UNITA é Estêvão José Pedro Kachiungo, derrotado no congresso de 2011. Uma A fonte do Jornal de Angola afirmou que José Kachiungo é simplesmente “potencial candidato”, mas a sua intenção de concorrer ainda não é oficial.

Outra possível candidatura é a do antigo deputado e general na reserva Abílio Camalata Numa, sobretudo agora que Isaías Samakuva decidiu concorrer para mais um mandato.

Crítico assumido da liderança de Samakuva, com quem disputou o cargo em congressos anteriores, Camalata Numa avisou, em Janeiro deste ano, que seria novamente candidato se o actual presidente voltasse a candidatar-se. “Estamos ainda em Janeiro, mas, de princípio, se o presidente Samakuva volta a candidatar-se, eu serei candidato sem pensar (duas vezes)”, afirmou, em declarações ao jornal “O País”.

As candidaturas para a liderança da UNITA devem ser apresentadas no período entre 16 e 30 de Setembro.

Comissões de trabalho

Durante a décima reunião ordinária do Comité Permanente da Comissão Política da UNITA foi apreciada a composição das comissões de trabalho com vista ao Congresso do partido.

Uma fonte do partido contactada pelo Jornal de Angola não avançou a composição das referidas comissões. Entretanto, uma outra fonte adiantou que, com uma ou outra novidade, as comissões são quase as mesmas que trabalharam aquando da preparação das exéquias do fundador do partido, Jonas Savimbi, cujos restos mortais se encontram sepultados desde o dia 1 de Junho na aldeia de Lopitanga, município do Andulo, província do Bié.

Além da eleição da nova direcção do partido (presidente e Comissão Política), o XIII Congresso Ordinário da UNITA deverá igualmente avaliar a linha político-ideológica do partido, proceder à aprovação e adopção da estratégia e seus objectivos, bem como a revisão dos estatutos.