Luanda - Pascoal Luvualu nasceu no dia 16 de Outubro de 1932, em Kibocolo, Província do Uíge. Filho de Luvualu Lua Mboma e de Nkamu. Em 1943, quando tinha apenas 11 anos de idade, migra com os pais para Léopoldville (RDC), e lá passa boa parte da sua juventude. No Congo, chegou a trabalhar, primeiro, como estafeta, depois, como professor em escolas primárias e secundárias. No seu currículo, consta ainda o curso de sindicalismo concluído em Lípsia (em alemão Leipzig), cidade do leste da Alemanha.

*Luis Paulo
Fonte: Club-k.net

Pascoal Luvualu casou-se com Maria Luvualu, com quem teve três filhos: Godelive Luvualu, nascida em 1961, formada em medicina, Pedro Luvualu (nascido em 1963, faleceu a 30 de Julho de 2019) era formado em oceanologia, e Julienne Luvualu (In Memoriam: 1965-2008), que era economista. Maria Luvualu é filha de Kaka Pedro e de Lophea Nkoko.

Por outro lado, na sua vida íntima e famíliar, Luvualu contraíra uma ligação conjugal com Elsa Pinto, natural do Cuanza Sul, gerando, nesta mesma relação, o nascimento de José Pinto Luvualu (Action Nigga - In Memoriam), Ronieven Pinto Luvualu e Pascaline Pinto Luvualu. Action Nigga, músico, foi uma das 33 vítimas mortais que se faziam transportar no voo TM 470, das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), que despenhou, em 29 de Novembro de 2013, em território namibiano ao fazer a rota Maputo-Luanda.


A MILITÂNCIA NO MPLA

Pascoal Luvualu ingressou no MPLA em 1962 na primeira Região Político-Militar. Em 1968, já na zona A Mandume III é eleito membro do comité director. Designado em 1972 para o cargo de secretário do Comité de Coordenação para as Relações Exteriores. Em 1974 é eleito membro do Comité Central e no mesmo ano é nomeado chefe de Departamento para as Relações Exteriores, função que assumiu até 1975 quando é reeleito membro do Comité Central e suplente do Bureau Político, coordenando a Comissão Central de Controlo do Partido em acumulação com o cargo de secretário do Comité Central para as Relações Exteriores. Em 1977 é nomeado para coordenar a Comissão Nacional de Reestruturação do Movimento Sindical Angolano. É eleito secretário-geral da UNTA e membro do Bureau Político. Foi deputado a Assembleia do Povo, coordenando a Comissão de Saúde, Trabalho, Segurança Social e Assuntos Comunitários.

 

Enquanto membro do Comité Central e da Comissão de Relações Exteriores, Luvualu integrara a primeira delegação do MPLA, com outros 25 camaradas, que chegou oficialmente a Luanda, no dia 8 de Novembro de 1974, após 13 anos de luta armada de libertação nacional, contra o colonialismo português. Nesta mesma delegação, faziam parte distintos membros do MPLA, do seu Bereau Político e do Comité Central, entre eles, Lúcio Lara, Lopo do Nascimento, Carlos Rocha “Dilolwa”, Ludy Kissassunda, Joaquim Kapango, Ambrósio Lukoki, Luísa Inglês, Elsa de Almeida e Sousa “Ndjolela”, António Jacinto do Amaral Martins...

 

Luvualu era descrito como um obstinado defensor dos ideais mais nobres da Nação Angolana. Na galeria dos militantes do MPLA, é conhecido por pertencer aos quadros da "mais alta hierarquia" e ainda por ser dos maiores dirigentes sindicais do país que dedicou à sua vida na luta pela libertação de Angola.

 

A título póstumo foi-lhe atribuído em 2002 uma lograda homenagem com a inauguração do Instituto Médio Politécnico Pascoal Luvualu (IMPPL), localizado no bairro Palanca, distrito urbano do Kilamba Kiaxi, em Luanda.

 

Voltando a UNTA, foi fundada em 16 de Abril de 1960, República do Congo Léopoldovile, em que um grupo de jovens patriotas angolanos, sindicalistas no exílio, entre eles Pascoal Luvualu, Dombele Mbala Bernardo, N´dombe Francisco, Kiesse Fernando, N´singui Massala Francisco, M´bidi Emílio, Malunda Fernando, Kiala Joséph, Fuca António, Tshicalanga Adolfo, e outros, expressaram a vontade e a determinação dos trabalhadores angolanos e decidiram constituir a união. Durante a trajectória histórica percorrida desde os primórdios da sua criação, correspondeu às exigências daquela época.

DUAS VEZES NA UNTA

O nome de Pascoal Luvualu fica ainda na história por ter sido até hoje o único quadro angolano a exercer o cargo de secretário-geral da UNTA por duas ocasiões distintas: 1960/1974 e 1977/1991, até um ano antes da sua morte. Na direcção do sindicato, após o primeiro mandato, seguiu-se-lhe Aristides Van-Dúnem (1974/1977), e já depois do segundo mandato, Cordeiro Ernesto Nzakundomba (1991/1994), Manuel Diogo da Silva Neto (1994/2005), e desde 2005, Manuel Augusto Viage.

COMENTARIO DO AUTOR

Lembro-me de pertencer, nos idos anos 80, ao "amplo movimento" que conta (va) milhares de crianças moldadas por educação patriótica: a OPA (Organização de Pioneiros Angolanos). Estávamos numa época que sempre considerei áurea em matéria de aprendizagem e estudos sobre história africana e seus nacionalistas, figuras que marcam o pensamento político e científico do pana-africanismo contemporâneo. Posso dizer que a OPA foi para mim uma verdadeira escola. Ajudou-me a compreender-melhor o valor da cidadania, a elevação do amor ao próximo, do patriotismo e saber (re) conhecer o cidadão, a entidade ou figura merecedora de distinção, se nos concentrarmos naquilo que é ou foi o seu bom trabalho prestado ao longo dos anos em prol do desenvolvimento da Nação angolana e/ou do continente africano.

 

Pascoal Luvualu é um de vários nomes que passei a (re) conhecer e a estudar por força do apoio que me transmitiu moral e espiritualmente "a escola da OPA".

 

Se estivesse vivo Pascoal Luvualu completaria 87 anos neste 16 de Outubro.

 

O seu nome aparece em primeiro plano quando em Angola se fala em dirigismo sindical. Apesar de ter participado, em 1960, na criação da União Nacional dos Trabalhadores Angolanos (UNTA), no Congo-Léopoldville, é na Angola independente que esta organização engajada por intelectuais patriotas da época começa a ganhar cada vez mais espaço e projecção internacional. A ténue fronteira entre os ideais defendidos pela UNTA, por um lado, e pelo MPLA, por outro lado, ajudou a promover mais a organização em países como a Tanzânia, Congo, Zâmbia, URSS (Rússia), Alemanha, Coreia do Norte, China, entre outros. Na UNTA, os seus aficionados poderiam encontrar expressão para traduzir o espírito da classe trabalhadora angolana no mundo.

A FAMÍLIA

Em 1983, nasceu-lhe o primeiro neto, a quem a família chama Tony e lhe foi posto o nome próprio de António Luvualu de Carvalho, fruto da relação de Godelive, a filha primogénita, e Euclides de Carvalho, um conceituado arquitecto e antigo quadro do sector público da habitação e construção.

 

Godelive (que em português pode ser entendido como Deusa da Vida) recorda que seu pai era um homem intransigente, audaz, defensor de métodos rígidos em relação a educação da família. Do neto primogénito, o dirigente e sindicalista esperava ser um exemplo de si mesmo, uma ambição desmedida que se tornou viral nos primeiros anos de crescimento e educação do menino. "O Tony tem o mesmo porte físico e a expressão facial do meu pai. Ele é uma autêntica cópia de seu avô", exprimiu com ares de comoção Godelive, argumentando, em entrevista à Revista In Memoriam, "viver de recordações e muitas saudades do pai", que falecera em Luanda, no dia 28 de Maio de 1992.

LUÍS PAULO