Exmo. Senhor 

Presidente da República
João Manuel Gonçalves Lourenço
Cazengo

Camarada Presidente do nosso MPLA, Excelentíssimo Presidente da República,
Sabemos que vem ao Cuanza Norte. Estamos profundamente alegres. Não só porque vem, mas porque sabemos que, com a sua vinda, quer saber como estamos e também ouvir as nossas ideias para governar o nosso país.


Também sabemos que somos muitas e não é possível falar com todos. Nós somos mães e representamos perto de mil famílias de camponesas que têm as suas lavras na Pamba, município do Lucala.


Sabemos que é um estudioso da história universal e acérrimo defensor da história angolana e não precisamos assim lembrar os pujantes contributos da mulher na fundação do nosso Estado.


Escrevemos-lhe com o coração nas mãos, amigo que sabemos que é do seu povo e preocupado com a harmonia das famílias.


Cultivamos as lavras e a nossa maneira de fazer política não é a de criticar, nem dizer mal das coisas. Muitas de nós fomos contemporâneas de Deolinda Rodrigues e as mais novas aprenderam a ser mulheres com os ensinamentos da nossa camarada na OMA.


A sua agenda é definida com antecedência, Camarada Presidente. Sabemos que vai estar connosco na província. Temos um assunto importante para lhe falar. Há um conflito de terras na Pedreira, Pamba, no Lucala entre nós, mamãs, e uma empresa.

 

Já tentamos de tudo para o resolver. Não conseguimos. Gostaríamos de lhe mostrar o que está a acontecer e, em seguida, deixar que o Camarada Presidente tire as suas conclusões. No MPLA e na OMA aprendemos a optar sempre por atuar dentro da Ética partidária e lutar pela integração das mulheres no desenvolvimento e pela sua promoção económica, profissional, cultural e social.

 

A urgência da comunicação levou-nos a encontrar nessa carta o meio mais eficaz para solicitar que nos receba, por dez minutos, durante a sua estada no Cuanza Norte.


Aceite os nossos votos de bom trabalho nessa jornada longa e bem guiada.

Cordialmente,

OMA