Luanda - Dois supostos agentes do Serviço de Investigação Criminal (SIC), destacados na Zona Económica Especial (ZEE), em Viana, estão a ser acusados por proprietários de uma clínica, pertencente a cidadãos chineses, que funciona no interior do centro comercial Cidade da China, de terem extorquido mais de 1.800.000 kwanzas. Uma fonte do SIC, em Luanda, anunciou, ontem, a abertura de um inquérito para apurar as acusações.

Fonte: JA

Contactado ontem pelo Jornal de Angola, o advogado das vítimas da extorsão realçou que os supostos agentes se terão dirigido ao estabelecimento clínico, denominado Centro Médico Bom Doutor, na sexta-feira, por volta das 12h00, onde interpelaram os proprietários, sob alegada acusação de pertencerem a uma rede de contrafacção de moeda.

 

Trajados com coletes e chapéus do SIC, os dois supostos agentes, que se faziam transportar numa viatura Toyota Rav 4, matrícula LD-07-36-AX, alegaram ter recebido denúncias de que os chineses tinham dinheiro falso, guardado no estabelecimento com o número 214-2.

 

Sem mandado de busca e apreensão, conta a fonte, os supostos agentes exigiram aos proprietários que exibissem o dinheiro que tinham disponível. “Mandaram abrir os caixas para verificar as notas falsas, numa altura em que recorriam a ameaças constantes e arrombavam algumas gavetas onde continham dinheiro”, refere a fonte.

 

Além disso, segundo um documento enviado ao Jornal de Angola pela gestão da clínica, os acusados, bastante conhecidos dos empresários que operam no Pólo Industrial de Viana, por serem useiros e vezeiros na prática de extorsão, principalmente a estrangeiros, buscaram todos os argumentos para culpabilizar os donos do centro médico, no sentido de conseguirem o melhor canal para sacar dinheiro.

 

“Uma das formas de extorquir foi na verificação da documentação da clínica e dos seus funcionários”, conta a fonte, para acrescentar que os supostos investigadores afirmaram que todos os documentos eram falsos, incluindo os vistos e os passaportes dos chineses, bem como os certificados do ensino médio dos técnicos angolanos de Enfermagem.



Além dos 1.800.000 kwanzas, subtraídos de uma sacola que continha três milhões de kwanzas, os empresários chineses acusam ainda os supostos agentes de terem levado telefones e outros pertences pessoais.


Depois de terem abandonado o estabelecimento, os dois supostos investigadores criminais detiveram um dos cidadãos chineses, com a pretensão de levá-lo a uma unidade policial, mas o detido foi desviado para uma estrada terraplanada, numa zona de Viana. No local, o empresário foi obrigado a entregar 500 mil kwanzas, sob ameaças de morte. “Os carros circulavam, mas o polícia me apontava uma arma e ameaçava de morte se eu resistisse. Para me deixarem ir embora, fui obrigado a dar 500.000 kwanzas. Depois, eles retiraram da sacola mais 1.300.000 kwanzas, num total de 1.800.000 kwanzas”.


O caso já está sob a alçada do SIC de Luanda, segundo confirmou o advogado da unidade clínica, João Saviti, que realçou que os referidos agentes do SIC, depois de ouvidos pelos seus superiores hierárquicos, admitiram a prática e garantiram a devolução do dinheiro hoje.

SIC promete falar

Contactado para abordar ontem o assunto, o porta-voz do SIC, subcomissário Tomás Agostinho, não negou nem confirmou a recepção da queixa, tendo assegurado que mais detalhes sobre o assunto serão dados, com mais pormenores, nas próximas horas.