Luanda - O presidente da Sonangol admitiu hoje vender alguns ativos diretamente "caso as condições o permitam" e sublinhou que o aumento das participações da petrolífera angolana na Unitel e no Banco Económico visam preparar a venda para "um momento aceitável".

Fonte: Lusa

Gaspar Martins, que fez hoje o balanço anual da empresa em Luanda, adiantou que estão a ser preparados concursos para alienação de 11 ativos, para reforçar a capacidade financeira da petrolífera e adiantou que "há uma concertação em curso" com a entidade que gere o programa de privatizações (PROPRIV) no sentido de "alguns deles poderem ser alienados diretamente", caso as condições o permitam.

"São parceiros que acabam por ter um direito de preferência e faz todo o sentido que esta alienação possa ser feita" dessa forma, considerou, numa conferência de imprensa no âmbito do 44.º aniversário da petrolífera estatal angolana.

 

Desta lista fazem parte um conjunto de entidades ligadas aos grupos Sonamet, Sonils, Sonatide, Sonadiets, Painal, Petromar, a base do Kwanda, no Soyo (Zaire) e ainda o Banco Angolano de Investimentos (BAI), onde a petrolífera detém participações variáveis.

 

Ainda no que diz respeito aos negócios não nucleares da Sonangol, Gaspar Martins justificou a compra dos 100% da PT Ventures na Unitel (que custaram 900 milhões de euros, passando a Sonangol a deter 50% da operadora de telecomunicações angolana), bem como o aumento da participação acionista no Banco Económico de 39% para 70%, com a necessidade de preparar a privatização.

 

"Não perdemos de vista a intenção de alienar estes ativos, mas o momento obrigava a, numa primeira fase passar a controlá-los, para depois proceder à sua alienação, quando o momento se apresentar aceitável", frisou.

 

O programa de privatizações (ProPriv), lançado pelo Governo angolano em agosto de 2019, prevê a venda de cerca de meia centena das participadas da Sonangol e a dispersão em bolsa de 30% do capital da petrolífera até 2022.

 

O administrador da Sonangol, Osvaldo Macaia, esclareceu que a aquisição da posição da Oi na Unitel (através da compra dos 100% da PT Ventures) serviu para evitar exposição da Sonangol à decisão do tribunal arbitral que ditou o pagamento de dividendos à operadora brasileira, bem como a necessidade de garantir estabilidade acionista e de governação e a criação de condições técnicas e financeiras para tornar o processo de privatização mais atrativo.

 

"Foi um bom negócio para a Sonangol porque a PT Ventures teria direito a receber da Unitel 1,2 mil milhões de dólares (mil milhões de euros) (...) do ponto de visa financeiro foi uma operação muito atrativa", destacou.

 

A nível de desempenho financeiro, Gaspar Martins afirmou que a redução "considerável" dos custos operacionais permitiu à Sonangol fechar as contas de 2019 com um EBITDA (Lucros antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) positivo da ordem dos 5,4 mil milhões de dólares (4,9 mil milhões de euros) e apresentar proveitos de 12,5 mil milhões de dólares (11,4 mil milhões de euros).

 

A dívida financeira total ascendeu a 5.034 milhões de dólares (4.591 milhões de euros), ou seja, mais 13% do que em 2018, refletindo o valor do empréstimo de 2.000 milhões de dólares (1.824 milhões de euros) a que Sonangol recorreu junto da banca internacional para adquirir a participação da Oi na Unitel e financiar outros projetos.