Luanda - Elsa Maria Pires Lopes dos Santos Lourenço, uma funcionária à PR, poderá ser a terceira figura nos anais da história angolana a não tomar posse, após a sua nomeação para prover um cargo governamental.

Fonte: Facebook

Indicada nesta quarta-feira para ocupar a pasta de Secretária de Estado para a Família e Promoção da Mulher, ela terá alegado que não fora previamente contactada para preencher o lugar aberto pela exoneração de Ruth Mixinge.


A confirma-se esta versão, será a segunda personagem no Executivo de JLo, depois de António Paulo (AP), que tinha sido nomeado «através» do novo paradigma para exercer o cargo de ministro do Trabalho, mas acabaria por não comparecer no acto de tomada de posse. Alegou-se na altura que AP recusara tomar posse, porque não fora previamente contactado, uma versão nunca oficialmente desmentida.


Em 1975, ocorreu algo semelhante com o historiador Cornélio Caley, que fora indicado pelo MPLA para, curiosamente, exercer as funções de ministro do Trabalho no longínquo Governo de Transição (GT), tendo igualmente primado pela ausência no acto de posse.


Face à «desfeita», o MPLA teve de indicar às pressas o sindicalista Aires Machado «Minerva», para colmatar o «vazio» aberto por Cornélio Caley.


Para refrescar a memória colectiva: o Ministério do Trabalho era, à época dos factos, encabeçado por António Sebastião Dembo, da UNITA, que anos mais tarde seria catapultado para vice-presidente do Galo Negro, até à sua morte em 2002.


Não menos curioso é o facto das duas ausências à tomada de posse terem ocorrido no Ministério do Trabalho, a primeira em vésperas da proclamação da independência nacional, e a segunda às portas daquilo que muitos convencionaram chamar de III República.


Convém ainda recordar que David Aires Machado seria depois da independência nomeado ministro do Comércio Interno, cargo que exerceria até à sua morte, por fuzilamento, na purga do «27 de Maio».


Cornélio Caley, um antigo quadro sénior da Sonangol, com formação em História por uma universidade portuguesa, foi nos últimos governos de JES vice-ministro e secretário de Estado da Cultura, respectivamente.