Luanda - Num período em que a medicina científica não tinha corpo, a quarentena obrigatória proporcionou benefícios enormes à humanidade. A pureza e a santidade fundamentaram-se também com a observância da quarentena obrigatória: lendo a Bíblia com uma perspectiva histórica e a propósito do actual normal em Angola e no mundo decorrente de mecanismos de prevenção e controlo para evitar a propagação da Covid-19.

Fonte: Club-k.net

O povo bíblico veterotestamentário enfrentou epidemias implacáveis e Moisés, tal como no Egipto, teve de apelar ao impossível para fazer frente a calamidade sanitária da sua comunidade, como testemunhado pelo livro de Levítico (12-15). O patriarca, por ordem divina, teve que decretar medidas do pretório e nada ficou fora da quarentena.


Conforme a Lei da Lepra, se um homem tivesse na pele de seu corpo um tumor, uma doença de pele ou uma mancha, teria de ser presente ao sacerdote para ser examinado cuidadosamente (13, 2-3). O sacerdote dava o resultado no final do exame declarando o doente suspeito impuro ou puro, conforme tivesse sinais de lepra ou não.

 

Quando o resultado fosse positivo, diz a Torah: “E o leproso atingido por tal afecção deve rasgar as roupas, desalinhar o cabelo, tapar-se até à boca e gritar: ‘Impuro!... Impuro!’ Enquanto conservar a chaga, será impuro, viverá isolado, e a sua residência será fora do acampamento” (13, 45-46). Após sinais de cura, o leproso recebia alta, terminava a quarentena, porém, seu regresso à comunidade passava pela purificação que envolvia diversos ritos e a higienização geral era uma das etapas consagradas. Conforme o texto, aquele que fosse purificado lavaria as suas vestes, raparia todo o pêlo, banhar-se-ia e ficaria puro; poderia, então, regressar ao acampamento, mas ficaria sete dias fora da sua tenda. No sétimo dia, raparia o pêlo de todo o corpo: os cabelos, a barba, as sobrancelhas e tudo o resto; lavaria as suas vestes, banharia o corpo em água, e finalmente ficaria puro (14, 8-9).


As casas suspeitas de propagação da lepra, da tinha, dos tumores, dos herpes, das manchas eram esvaziadas, examinadas e encerradas em quarentena pelo sacerdote (14, 36-38.54-57). Os objectos capazes de propagar doenças, incluindo as vestes, não estiveram isentas das medidas de higiene e biossegurança vigentes. Após observados pelo sacerdote e havendo indícios de doenças eram encerrados em quarentena e, quando mesmo assim, levantassem receios eram incinerados (13, 50.55-57).


As regras a observar são praticamente as mesmas com a Lei da Impureza (12.15). Qualquer corrimento era suficiente para submeter o suspeito às medidas sanitárias. A parturiente teve que passar pelos ritos da purificação que incluíam a quarentena obrigatória, assim como a mulher em período menstrual. Quem teve qualquer fluxo, homem ou mulher, passou pela mesma situação. Ficou isolado em quarentena longe de tudo. Na rispidez do texto o aviso é este: “Todo aquele em quem tocar o que tem o fluxo, e não tiver ainda lavado as mãos em água, lavará as vestes, banhar-se-á em água e ficará impuro até à tarde. Qualquer vaso de barro tocado pelo que tem o fluxo será quebrado…” (15, 11-12)


17/06/2020