Luanda – O Comando Geral da Polícia Nacional expulsou no passado dia 12 de Março, dois agentes que participaram nas execuções contra a população na Vila de Cafunfo, na província da Lunda-Norte. Depois de cometerem os assassinados, os oficiais praticaram profanação dos respectivos cadáveres.

Fonte: Club-k.net

A decisão consta de um despacho - No 015 GAB/CGPNA/202 -  assinado pelo Comissário Geral Paulo Gaspar de Almeida que inicialmente defendia que os seus homens agiram em legitima defesa.

 

No despacho em causa, o comandante Paulo de Almeida, anuncia que “O inspetor -chefe Eduardo Sachissapa Bongo Tomé e o agente Jonito Mendinho Txijica, incorreram em actos de ofensas corporais contra deito e profanação de cadáver, aquando da invasão da esquadra policial de Cafunfo, ocorrido no dia 30 de Janeiro de 2021, protagonizada por elementos afectos ao auto denominado Movimento do Protetorado Português Lunda Tchokwe, constituindo tais praticas infrações disciplinares graves nos termos do regulamento sobre o regime disciplinar do pessoa da Policia Nacional, aprovado pelo decreto presidencial”.


Ambos, segundo o documento, foram punidos com a pena de demissão pelo que “devem fazer o espolio de todo o uniforme da PNA, bem com os documentos de identificação policial”.


O documento por sua vez é omisso quanto ao crime de assassinato, uma vez que em ocasiões anteriores o comandante Paulo de Almeida anunciou que os seus homens agiram em legitima defesa.


Ainda sobre o mesmo assunto, o Presidente angolano, João Lourenço, lamentou no passado dia 2 de Março a perda de vidas humanas no suposto "acto de rebelião armada", e criticou, por outro lado, as vozes que condenaram a Polícia Nacional.


O Titular do Poder Executivo lamentou o facto de entre as vozes que condenaram a acção da Polícia estarem também as de representantes de partidos políticos com assento parlamentar, cujos deputados juraram cumprir e fazer cumprir a Constituição e a lei.


"Para estas pessoas e organizações, criminosa é a Polícia porque, no seu entender, os que à madrugada atacaram com armas a esquadra policial são pacatos cidadãos que realizavam uma simples manifestação, reivindicando por melhores condições de vida", frisou.


João Lourenço exortou para que se deixe os órgãos do Estado, o Serviço de Investigação Criminal, a Procuradoria-Geral da República e os tribunais apurarem toda a verdade dos factos, a responsabilidade de cada um dos participantes, e se actue nos termos da lei.


Na sua comunicação o Presidente João Lourenço declarou que a Policia Nacional matou seis pessoas. Por sua vez uma delegação do grupo parlamentar da UNITA “constatou que as Forças de Defesa e Segurança massacraram mesmo, de forma bárbara, hedionda e fria, 28 cidadãos no dia 30 de janeiro...a maioria dos cadáveres foi atirada ao rio Cuango, ravinas e outros enterrados em locais inóspitos”, conforme afirmou o deputado Joaquim Nafoia.


Os parlamentares do maior partido da oposição, levaram a cabo uma investigação no terreno e exigem a responsabilização criminal das entidades estatais envolvidas no massacre de Cafunfo.